23 de novembro de 2025
Como o uso de novas tecnologias e a multimodalidade podem contribuir para a redução de emissões no setor logístico? Para responder a essa pergunta, o MoveInfra levou à programação da Estação do Desenvolvimento na COP30, um time de executivos de nossas associadas para mostrar como inovação e inteligência operacional caminham juntos à sustentabilidade nesse processo de transição climática. Para abrir o debate, o vice-presidente Corporativo da EcoRodovias, Rodrigo Salles, lembrou o avanço das discussões em torno da responsabilidade empresarial com a preservação do meio ambiente. “Possivelmente alguns atrás, esse tema sequer seria associado à sustentabilidade. Isso seria muito mais eficiência operacional. Mas o que ficou evidente nos últimos anos é que a tecnologia e a inovação são um grande indutor de práticas sustentáveis”. Como exemplo, Salles citou o HS-WIM, sistema de pesagem de caminhões de carga em movimento. Sem a necessidade de parada nas balanças, há menos frenagens e, consequentemente, menor emissão de gases. “Quando nós desenvolvemos essa tecnologia junto a ANTT, um dos objetivos era a eficiência operacional, mas acabamos acertando em várias outras coisas”, referindo-se à redução do custo das operações, melhora na segurança viária e na fluidez do trânsito. Na avaliação do CEO da Hidrovias do Brasil, Décio Amaral, o modal hidroviário ainda é pouco explorado no Brasil, mesmo apresentando a menor pegada de carbono quando comparado a outros meios. “A hidrovia tem dois benefícios claros. Primeiro ela não requer investimento na infraestrutura, o rio já está lá dado pela natureza. E a operação é muito eficiente. O nosso super comboio de 35 barcaças, por exemplo, transporta o equivalente a 1.750 caminhões”, destacou. Décio reforçou a importância da integração entre os modais para melhor eficiência do transporte de cargas. “A estrada tem o seu papel, a ferrovia tem o seu papel, a hidrovia tem o seu papel. Não é uma concorrência de modais. É uma combinação eficiente de modais. Um planejamento integrado de logística é um diferencial competitivo”. Pelo lado ferroviário, o CEO da Rumo, Pedro Palma, destacou o papel da infraestrutura na sustentabilidade, no crescimento e na competitividade por meio da construção de uma capacidade operacional adequada ao tamanho do potencial agrícola do Brasil. “Os projetos de infraestrutura estão muito ligados com a demanda do país, com a produção de celulose, etanol e biocombustíveis, concentradas no interior. E fazer com que você chegue aos portos com eficiência, demanda um projeto ferroviário muito forte”, avaliou. A inovação também faz parte da estratégia do setor ferroviário. Palma explica que as tecnologias ferroviárias permitem a otimização do sistema de condução, no qual a Rumo utiliza inteligência artificial em 80% do seu tempo. “O sistema define qual a melhor aceleração, qual o melhor ponto de entrada e de frenagem para cada viagem realizada, considerando a condição do trecho e as cargas transportadas, garantindo a máxima eficiência no consumo energético”. E conclui: “Entre todos os nossos modais, o que a gente tem que incentivar cada vez mais é a cooperação, a transparência e a troca de melhores práticas para garantir que a gente avance realmente de forma conjunta em uma agenda de eficiência para todos”. Já o vice-presidente da Ultracargo, Helano Pereira, ressaltou os investimentos realizados pela companhia para aumentar a eficiência de suas operações. “A gente faz a interligação de São Paulo com Mato Grosso em parceria com a Rumo. Com isso, o transporte do etanol de milho, por exemplo, fica muito mais eficiente. A gente também fez investimento no corredor logístico nordeste, ligando o terminal em Palmeirante (TO) com o porto de Itaqui (MA)”, lembrou. No Terminal de Santos, outro case de sucesso, a Ultracargo transforma resíduos oleosos em tinta, que é usada no próprio terminal. “Desde que nós implementamos essa ação, a gente já conseguiu reduzir mais de 570 toneladas de resíduos oleosos. Isso é muito importante para o nosso setor”. Helano lembrou que todos os terminais da Ultracargo utilizam energia de fonte renovável e reaproveitam a água da chuva para lavagem de tanques, áreas comuns e manutenção dos jardins. “A gente faz uma captação média de 1.800 metros cúbicos de água. É um volume bem significativo”. O vice-presidente de Inovação, Tecnologia, Risco e Sustentabilidade da Motiva, Pedro Sutter, lembrou que todos os contratos de concessão da companhia já contemplam os riscos climáticos que podem impactar no custo operacional. “Hoje nós somos autossuficientes em energia, temos as subestações e parques que abastecem nossas operações”. Segundo ele, é um grande desafio para o Brasil e para o mundo descarbonizar o transporte. “Eu vejo isso como uma avenida de oportunidades para todas as nossas empresas. Somos focados em entregar uma logística forte aos nossos clientes, mas vão surgindo oportunidades para expandirmos além das fronteiras de nossas concessões”. Sutter destacou, ainda, a iniciativa da Motiva na elaboração de quase 5 mil planos de adaptação climática em suas três frentes de atuação: rodovia, mobilidade urbana e aeroportos. O objetivo foi identificar quais são os ativos mais expostos aos fenômenos climáticos extremos, os principais riscos e os impactos financeiros, considerando danos à infraestrutura, interrupção da operação e atraso nas obras. O painel “Multimodalidade e novas tecnologias: como a logística pode contribuir para redução de emissões” foi realizado na tarde de quarta-feira (12.11), durante a programação oficial da Estação do Desenvolvimento, espaço criado em parceria com a CNT para debater sustentabilidade na infraestrutura de transportes.